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Laboratório de Paleoecologia

Criado em 1982 no Museu Nacional de Arqueologia por José Mateus e Paula Queiroz, esta unidade de pesquisa de base laboratorial e computacional foi sucessivamente mudando de enquadramento institucional: Museu Nacional de Arqueologia; Museu Nacional de História Natural; Instituto Português de Arqueologia; Terra Scenica; estando agora enquadrada na Double-u Replay (WR). O seu núcleo laboratorial (e parte da biblioteca técnica e colecções) está hoje instalado no IPT (edifício M); a unidade de computação está em Torres Vedras.


Trata-se no seu cerne de uma frente de investigação sobre os grandes arquivos da memória ecológica e territorial, conservados (película a película) nas estratigrafias de turfas, lodos e argilas dos paúis (pântanos e lagoas, barragens, açudes e poços) e das grutas e abrigos cársicos.


O principal foco da pesquisa (programa FRESH) são os "reflexos materiais" das "auras" das plantas (na sua dispersão de pólen, frutos, sementes e folhas) - paleoimagens datáveis e coligíveis em "Filmes da Evolução das Paisagens e dos Territórios".


A Palinologia (envolvendo análise do pólen, de esporos e de outras micro-estruturas de origem vegetal, complementadas com microfósseis de origem diversa) é a disciplina mais importante neste contexto, dado o seu potencial imagético, promovido e calibrado pela palinologia experimental, que envolve estudos de produção e dispersão de pólen. A macro-paleobotânica que estuda os "macro-restos de origem vegetal" (embora sendo relativamente "micro" dado serem acessíveis à lupa binocular) envolve o estudo das sementes, frutos, madeiras e folhas e complementa a restituição em detalhe taxonómico e na espacialização dos componentes vegetacionais representados.
Um dos suportes da viabilidade científica deste laboratório de mais de quarenta anos de experiência, prende-se com o desenvolvimento de: a) colecções de referência (palinológicas, carpológicas, xilotómicas) da Flora Portuguesa e Europeia; b) monografias morfo-tipológicas foto-descritivas de pólen e madeiras; e ainda c) trabalhos de geobotânica (de cariz histórico-evolutivo) - programa MORNO. Neste domínio (biodiversidade actual de espécies e habitats) o LP tem tido papel importante no reconhecimento e demarcação de turfeiras em Portugal e outros sítios palustres de grande interesse para o estudo dos refúgios e adaptações da flora circumboreal e sub-mediterrânica húmida; Hoje raríssimos e ameaçados, estes sítios constituem preciosos arquivos da memória ecológica.


Outras áreas em desenvolvimento (no âmbito da Micro-Arqueologia) são as micro-morfologias sedimentares-pedológicas e os traços de uso de artefactos e (arqueo)recursos.
No campo da Computação Gráfica o LP-WR desenvolve o programa ARQUE-REPLAY, que partindo do registo 3D exaustivo da evidência exumada na escavação arqueológica (contextualmente ampliada pela micro-arqueologia) se envolve num processo de virtualização interactiva de triplo carácter - experimental, museográfico, lúdico - sob o novo conceito de Arqueologia Cénica (que se viabiliza pela remontagem de Réplicas Realistas Rejogáveis virtuais (vRRR).
A perspectiva de trabalho do LP-WR envolve sobretudo a montagem de protótipos (de I&D) capazes de virem a ser replicados e co-aperfeiçoados pela comunidade científica. Três projectos piloto: 1) A Gruta da Avecasta; 2) o Covento Velho de Penafirme e seu território; 3) Dunas e Turfeiras do Litoral Oeste.