1) Contexto historiográfico.
Aqui se pretende coligir a informação documental disponível sobre o convento, dando especial atenção ao acervo documental da Torre do Tombo e do pequeno legado existente no Seminário de Nossa Senhora da Graça de Penafirme (Seminário Menor do Patriarcado de LIsboa) - o que implica o estabelecimento de contacto protocolar com o Patriarcado de Lisboa e equipa dirigente do Seminário.


2) Compilação paleo-fotográfica
Recolha de fotografia antiga sobre a ruína (e sobre o Convento Novo), incentivada (em termos de cooperação pública alargada) através de um blogue a criar e divulgar amplamente, sobretudo junto dos habitantes da freguesia e da Póvoa de Penafirme.


3) Integração de legados prevalecentes no Seminário de Penafirme
Desenvolver junto da direcção do Seminário e do Patriarcado contactos de cooperação no sentido de se poder vir a integrar no acervo documental do projecto, imagens, descrições e registos geomáticos (3D) dos elementos arquitectónicos e alfaias litúrgicas recuperadas da ruína.


4) Registo foto & vídeo exaustivo da ruína (SIA).
Este registo (que se pretende exaustivo, após limpeza superficial das estruturas e solo), com suporte logístico de drone (porventura apetrechado com equipamento LIDAR e de leitura no infravermelho) e de um simples sistema local de escadas e pequenos andaimes, constitui o verdadeiro coração do Sistema de Informação Arqueográfica do Convento Velho. Será acrescido (em suporte digital) após levantamento fotogramétrico georreferenciado (ver em baixo) de layers CAD (interpretativos) onde se descodificam e registam as entidades estratigráficas (horizontais e verticais) e se contextualizam tridimensionalmente as amostragens para caracterização analítica micro-arqueológica (paleoecológica, geo-arqueológica, arqueométrica).


5) Fotogrametria, modelação 3D e virtualização
Este sub-programa irá consubstanciar a modelação detalhada da ruína em 3D através do esquema processual seguinte:

a) Cobertura fotogramétrica por sectores em visão drone e pedonal (com 3DF Zephyr) - obtenção de nuvens de pontos.
b) Topografia e georreferenciação (com estação total e Meshlab).
c) Edição das malhas editáveis (poly-meshes), retopologização e re-texturação (foto-mapeada e pintada-analítica).
d) Integração em mosaico (3DS Max) dos sectores distintos (com re-edição e esbatimento das costuras de colagem).
e) Incorporação em motor de jogo com acesso programado (com OOP - programação orientada por objectos em UNREAL + Visual Studio)
f) Restituição do convento e sua envolvente em RRR (réplica realista rejogável) - um ambiente de videojogo explorativo sobre cenário responsivo e re-experimentável .


6) Prospecção sistemática da área envolvente intra-muros
Aqui se irá concretizar o reconhecimento dos vestígios à superfície da zona intra-muros e sua envolvente imediata. Poderá implicar limpeza superficial (sem impacte notável na vegetação dunar) para registo mais completo das estruturas rasas prevalecentes e distribuições associadas de materiais construtivos, artesanais e domésticos. Dos resultados (mapeados) desta prospecção resultará a estratégia de sondagens pontuais.

7) Sondagens pontuais
Após a realização do mapeamento superficial (ponto 6) prevê-se a realização de algumas sondagens muito circunscritas. Visam apenas revelar a localização e natureza dos pavimentos (igreja, claustros, celas) e a funcionalidade dos troços de edificado pontualmente emergentes na periferia do core central (constituído pela igreja, sacristia, celas e claustro), nomeadamente o aqueduto, a forja, a cerca. Perante a omnipresente areia móvel dunar, estas sondagens serão realizadas com apoio de um sistema adequado de cofragem. Prevê-se a presença de especialistas de engenharia e geo-técnica (através de apoio municipal) com vista a assegurar a eficácia protectora das cofragens e a não perigosidade destas pequenas sondagens, no que respeita aos trabalhos de abertura e à preservação da estabilidade da ruína (que neste contexto será pontualmente monitorizada com pequenas faixas de cimento cobrindo os vãos de deslocamento estrutural). Prevemos identificar a verdadeira dimensão vertical do edificado e porventura detectar alguma pré-existência construtiva, associável a uma eventual primeira fase quinhentista da ruína. Este sub-programa poderá propiciar um futuro programa de escavação do convento.


8) Arqueometria (argamassas, estuques, barros da cerâmica construtiva, escórias...).
O projecto procurará montar e desenvolver uma parceria de cooperação com o Laboratório Hercules da Univ. de Évora (porventura através da plataforma e-rihs e suas candidaturas) com vista à caracterização geo-química destes materiais, no sentido da discriminação da sua origem e contexto de produção. Neste contexto prevê-se utilizar a fluorescência e difracção de raio X, a espectroscopia FTIR e RAMAN, a cromatografia gasosa (e pirólise) acoplada à espectrometria de massa, para além de técnicas petrográficas e metalográficas sobre amostras em lâmina fina (ou superfície polida) com microscopia óptica (simples e com polarização) e com SEM (com detector EDS).


9) Palinologia e macropaleobotânica no monumento
Os trabalhos de prospecção, de limpeza superficial da ruína, e de sondagem (pontos 4, 6 e 7) poderão pôr a descoberto pequenas depressões colmatadas por sedimentos finos/orgânicos quer sob a forma de condutas de água ou pequenos nichos no seio das paredes (porventura associados a musgos parietais). Há ainda que detectar as latrinas, o(s) poço(s), alguma possível cisterna e, porventura, pequenos canteiros hortícolas. Por fim, há que procurar acumulações-concreções carbonatadas (calcíticas-aragoníticas) de escorrência recorrente de água ao longo das paredes e beirais. Estas estruturas negativas e acumulativas podem revelar-se como colectores e preservadores da chuva polínica da Idade Moderna. Caso existam estes contextos (mais propícios durante a “pequena Idade do Gelo”) poderão revelar-se como pequenas câmaras-escuras reflectoras das “auras esporo-polínicas” da vegetação do convento e proximidades, revelando com detalhe a partição rural, hortas, jardins e vegetação selvagem próxima. Os autores têm longa experiência neste tipo de análise palinológica em complexo edificado e jardim.


10) Espólio arqueológico de superfície e proveniente das sondagens
A pesquisa directa da ruína complementa-se com o estudo (e foto-catálogo) do pouco espólio artefactual que se espera recolher nas prospecções de superfície e sondagens.