Oficinas de restituição cénica & revivencial do Património

 

Introdução

A WR dá em 2024 continuidade ao seu programa, que no essencial visa procurar hibridar o registo e o estudo do Património Cultural e Natural com a recriação experimental (virtual, performativa e miniatural) dos monumentos e sítios, nas suas antigas eco-funcionalidades, vivências e expressividades artísticas.

No cerne do programa estão dois projectos piloto - Avecasta e Convento Velho: Para além de sítios de investigação, estes projectos pretendem-se constituir como séries de ensaios (protótipos) capazes de vir a produzir exemplos, tutoriais, materiais didáticos e módulos partilháveis para a proliferação de uma nova perspectiva de Museologia Activa e participada. Ensaia-se uma nova perspectiva cénica do Património que assenta no que designamos por Réplicas Realistas Rejogáveis (RRRs) que aspiramos difundir nos seio das Museologias e das Artes.

O videojogo ‘DePéNaFirme’ constroi-se em torno da ruína do Convento Velho de Penafirme. O sítio é objecto de réplica virtual detalhada, reficcionada como estaleiro de escavação e onde as diversas personagens (no âmbito de um jogo de aventura e acção em 3D (terceira pessoa)) se assumem como projecções virtuais dos elementos reais da equipa do projecto de investigação, que realmente se perspectiva no âmbito de um Programa de Investigação Plurianual de Arqueologia - PIPA (sob a tutela da Direcção Geral do Património Cultural do Ministério da Cultura). A WR investiu ao longo dos últimos anos na montagem de um estúdio de criação de videojogos-sérios, com 4 focos de virtualização: Paisagem; Arquitectura Antiga; Artefactos e Personagens Performativas. Por sua vez, este estúdio alicerça-se (para além das Ciências do Passado) em ateliers de criação literária, dramática, musical e plástica que se vêem assim projectados (para além da sua materialidade tradicional) na esfera do virtual interactivo.

Em 2024, os primeiros protótipos e cenografias entretanto montados (conforme referido no relatório e página WEB) serão complementados e integrados em níveis de jogo, constituindo no seu conjunto (para além de um recurso importante de Museografia Virtual do Convento) todo um manancial didáctico para dar sustentáculo a um conjunto de oficinas de formação. Estas expressam-se de forma diversa e complementar, pela via de um canal youtube, workshops presenciais, concertos, instalações e exposições.

Oficinas de restituição cénica e seus suportes de investigação e criação.

  1. Um olhar atento às plantas, suas comunidades, à sua paisagem - Estruturas, fisionomias e expressividade plásticas
  2. Habitats e vegetação em réplica virtual e miniatural
  3. Escrita criativa na revivência do passado e seus interfaces virtuais de texto interactivo em ambientes de jogo
  4. Desmontagem arqueológica (em Réplica Realista Rejogável), registo 3D e virtualização Plena
  5. Arquitectura histórica (e tradicional) em recriação / exploração virtual e miniatural
  6. Performance virtual (personagens expressivas e suas performances em ambiente virtual interactivo)
  7. Palco e Virtualidade Interactiva - As possíveis hibridações entre teatro, ópera e videojogo (WR e AREPO, em parceria)
  8. Arqueoacústica experimental (instrumentos arcaicos e seus espaços de ressonância)
  9. Música clássica indiana (na diversidade da voz e dos instrumentos possíveis, nos contrastes com o ocidente)
  10. Organologia histórica e tradicional, suas práticas no tanger e seus repertórios (Cordofones tradicionais e étnicos; Cordofones históricos; Sopros de madeira históricos )
  11. Os novos instrumentos electrónicos, suas acústicas, repertórios e seus acessos interactivos em ambiente experimental de jogo
  12. Oficinas de Improvisação (ópera crónica) num hibridismo entre acústica instrumental tradicional e electrónica-digital (todos os promotores-músicos)
  13. Jogos inclusivos de sensibilidade táctil para a exploração do território e da paisagem

Estratégia e objetivos

O projecto piloto do Convento Velho de Penafirme (De-Pé-Na-Firme) construiu até ao momento protótipos de virtualização interactiva para a descodificação da ruína como sítio e monumento e para a sua re-criação como cenário evocativo de ficção historicamente informada e artisticamente suportada.

O investimento realizado prende-se com a montagem de módulos de virtualização ao longo de uma cadeia operatória complexa, desde a geo-análise espacial e o registo 3D detalhado (com fotogrametria e LiDAR) até à montagem de drama virtual com personagens de carácter diverso, protagonistas de visões e leituras distintas do património em causa.

A Double-u Replay investe nas ciências e nas artes através das suas linguagens criativas tradicionais, mas procura projectar estas criações para além da materialidade museológica e performativa típica da galeria e do palco.

Muita da criação que hoje acontece é marcada pelo efémero e imediato, como espuma da rebentação das ondas do mar. Alicerçar a criação cultural (museológica, artística) no cerne dos territórios e monumentos concretos, glosando as suas potencialidades evocativas, será um dos focos estruturantes da nossa intervenção.

Virtualizar (para além da simples digitalização da foto, do filme, do texto - sustentáculo do século XX) é essencialmente criar um registo activo (e reactivo), capaz de falar por si, dado que constitui um modelo funcional assente na sistematização (vectorial) e reprojeção do gesto, da forma, do som.

O projecto De-Pé-Na-Firme tem servido como plataforma de ensaio da virtualização da oralidade, da expressão corporal, da mímica e da indumentária, que se junta à reconstituição de cenários arquitectónicos expressivos nas suas atmosferas envolventes naturais e seminaturais animadas.

A projecção virtual das artes performativas, plásticas e literárias é o grande desafio das nossas Oficinas de Restituição Cénica (ORCs) dado que poderão assegurar que o monumento-sítio seja re-povoado de sentidos, numa forma nova de Museologia Activa.

As oficinas serão essencialmente momentos de criação plástica, literária, dramática, musical que se reprojectam, para além da sua via material de comunicação (performativa, expositiva), pela montagem de réplicas virtuais (em videojogo) capazes de vir a ser rejogadas em múltiplos cenários e contextos.

As ORCs são assim workshops de experimentação e de formação sobretudo dirigidos aos agentes da cultura do concelho de Torres Vedras (e Região Oeste, em geral). Serão sessões práticas abertas, onde os protótipos da WR serão desmontados nos seus diversos componentes e processos construtivos que envolvem sobretudo o uso de software livre (como sejam o Visual Studio, o UNREAL, o BLENDER), ou em versões de aprendizagem ou teste, sem custos.