CAMERATA DA COTOVIA (da DOUBLE-U REPLAY)

ORIGENS
A Camerata da Cotovia que actualmente se integra na Double-u Replay Associação é um grupo de re-interpretação de música antiga, historicamente informada, com foco na Música do Renascimento e Barroco com recurso à utilização e revivência de instrumentos antigos.

Teve a sua criação e sede de ensaios no Museu Nacional de História Natural de Lisboa, em 1998 (Antigo Colégio dos Nobres sito no Monte da Cotovia). Desde então tem-se apresentado ao público em diversos concertos (alguns dos quais sob a forma de concertos encenados) – ver mais a baixo:

PERSPECTIVAS
Mais recentemente a Camerata da Cotovia da Double-u Replay (WRCC), paralelamente à sua linha condutora de restituição historicista, tem procurado igualmente transcender a interpretação estrita (e confinada) das fontes musicais antigas, através da improvisação e da remontagem re-criativa ou de releitura aberta das obras antigas, numa perspectiva mais abrangente. Esta nova preocupação re-experimentalista surge-nos como uma verdadeiro requisito de realismo (e expressividade) dado que na sua origem estas realizações artísticas investem na exploração livre das capacidades expressivas e sonoras dos instrumentos e suas articulações. Surge aqui o encontro entre instrumental antigo e moderno, entre performance simples e digitalmente assistida.

2022
No âmbito do programa de 2022, a WRCC apresentou no evento “Convento Velho de Pé-na-firme” o concerto “Música para o Convento Velho - De Josquin a Marais - vislumbres de música do Renascimento e Barroco” (direc. José Mateus), seguido de um concerto por David Zink “O, du mein holder Abendstern” (Zink/Wagner).

2023

Primeira Tertúlia de Música da WR (No Pátio do Bamboo e Sotão da Música (Palhagueiras)) - 28 de Maio de 2023

Os músicos de Bremen - 9 de Dezembro

2024

Encontro Acordo de Veneza 

A WRCC prepara ainda um concerto-oficina (previsto para o próximo outono): Obstinata Por Três Tempos

Integram hoje esta formação musical da Double-u Replay os seguintes músicos:

Cláudia Fischer (viola da gamba)

Domingos Morais (guitarra clássica e barroca, violas de mão, violas tradicionais)

Helder Rodrigues (sacabuxa e trombone)

João Barroso (flauta traversa, percussão)

João Canto e Castro (viola de arco e violino)

José Eduardo Mateus (alaúde maneirista e barroco; flauta, viola da gamba, oboé, baixãozinho, violino, canto)

João Mateus (cornetas, charamelas, baixões, flautas)

Nuno Mendes (violino barroco)

Sebastião Mateus (violino, viola da gamba)

Stephen Graham Bull (violino)

 

Outros concertos da Camerata da Cotovia:

1998, 25th May - “The song and the dance in the XVI and XVII centuries” (A CANÇÃO E A DANÇA NOS SÉCULOS XVI e XVII”) Cardaes Convent, LISBOA
1998, 20th June – Concert / Restoration Festivities of the Cardaes Convent, LISBOA
1998, July – Final Concert of the III REUNIÃO INTERNACIONAL MEETING of the FOREST PROGRAMME Church of the Cardaes Convent, LISBOA
1998, 17th October – Music from the XVI and XVII centuries; Association “Slow Food” QUINTA DO ANJO – PALMELA
1999, 28th February – Concert “25 years of the Públia Hortênsia Choral” St. Louis Church of the French, Lisbon
1999, 2nd July – Final Concert III Thematic Colloquium “LISBOA – UTOPIAS NA VIRAGEM DO MILÉNIO” utopias on the turning to the new Millennium (FORUM LISBOA – building ROMA – Lisbon)
1999, October – Concert for the association of the FIAT – PORTUGAL concessionaries (HOTEL D. PEDRO – Lisbon)
1999, 2nd December – Music from the XVI and XVII centuries SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA (Lisbon Geographical Society)
2000, 23rd January – Music from the XVI and XVII centuries Organized by the: Instituto Português de Arqueologia (Portuguese Archaeological Institute) Cardaes Convent, LISBOA
2001, March – Dances and Songs from the European Renaissance 6th Meeting of the Bats Accord Experts - Chapel PÉ DA SERRA, SINTRA
2001, 14th August – “CIRCA 1600” Music Festival of MAFRA; Organization: Municipality of Mafra; MAFRA convent / Southern Cloister
2007, 11th January – “Vocal polyphony and dance music from the XVI and XVII centuries INSTITUTO DAS ARTES E OFÍCIOS (Arts & Offices Institute– Autonomous University of Lisbon
2007, 19th May – “Pictures of European Vocal and Instrumental Music between the XVI and the XVIII centuries, Convent of Carmo, Lisbon: Organization: Portuguese Archaeological Society (“Associação dos Arqueológos Portugueses”)
2007, 13th Octobre - “The song and the dance music in the XVI and XVII centuries” at the IX encounter of Ancient Music of Loulé (Algarve-Portuigal – St. Francis Church (IX Encontro de Música Antiga de Loulé, Igreja de S. Francisco, Loulé)
2012, 18th April – Concert in Convent of the Santa Clara-a-Velha (Coimbra) – “Instrumental Music of the XVII and XVIII centuries – a short panorama of baroque instrumental music for Viola da gamba, recorder and harpsichord (Música instrumental dos Séculos XVII e XVIII - uma curta panorâmica de música instrumental barroca para viola de gamba, flauta e cravo)
2007, 29-30 May – “From Diego Ortiz to K.F.Abel” (MUSICA DE ORTIZ A ABEL) Concert integrated in the drama “Through Seas Navigated Since Long Ago” ( Por mares já há muito navegados ) presented in the International trans-disciplinary "Garcia de Orta e Alexander von Humboldt - Deambulations, investigations and dialogs between Cultures” (Errâncias, investigações e diálogo entre culturas" Geographic Society (Lisbon).
2015, 25th July- Music of the Galante Period. Dialogues between viol, cello and harpsichord in the second half of 18th century. III Old Music Festival, Castelo Novo, Portugal

 

Oficinas de restituição cénica & revivencial do Património

 

Introdução

A WR dá em 2024 continuidade ao seu programa, que no essencial visa procurar hibridar o registo e o estudo do Património Cultural e Natural com a recriação experimental (virtual, performativa e miniatural) dos monumentos e sítios, nas suas antigas eco-funcionalidades, vivências e expressividades artísticas.

No cerne do programa estão dois projectos piloto - Avecasta e Convento Velho: Para além de sítios de investigação, estes projectos pretendem-se constituir como séries de ensaios (protótipos) capazes de vir a produzir exemplos, tutoriais, materiais didáticos e módulos partilháveis para a proliferação de uma nova perspectiva de Museologia Activa e participada. Ensaia-se uma nova perspectiva cénica do Património que assenta no que designamos por Réplicas Realistas Rejogáveis (RRRs) que aspiramos difundir nos seio das Museologias e das Artes.

O videojogo ‘DePéNaFirme’ constroi-se em torno da ruína do Convento Velho de Penafirme. O sítio é objecto de réplica virtual detalhada, reficcionada como estaleiro de escavação e onde as diversas personagens (no âmbito de um jogo de aventura e acção em 3D (terceira pessoa)) se assumem como projecções virtuais dos elementos reais da equipa do projecto de investigação, que realmente se perspectiva no âmbito de um Programa de Investigação Plurianual de Arqueologia - PIPA (sob a tutela da Direcção Geral do Património Cultural do Ministério da Cultura). A WR investiu ao longo dos últimos anos na montagem de um estúdio de criação de videojogos-sérios, com 4 focos de virtualização: Paisagem; Arquitectura Antiga; Artefactos e Personagens Performativas. Por sua vez, este estúdio alicerça-se (para além das Ciências do Passado) em ateliers de criação literária, dramática, musical e plástica que se vêem assim projectados (para além da sua materialidade tradicional) na esfera do virtual interactivo.

Em 2024, os primeiros protótipos e cenografias entretanto montados (conforme referido no relatório e página WEB) serão complementados e integrados em níveis de jogo, constituindo no seu conjunto (para além de um recurso importante de Museografia Virtual do Convento) todo um manancial didáctico para dar sustentáculo a um conjunto de oficinas de formação. Estas expressam-se de forma diversa e complementar, pela via de um canal youtube, workshops presenciais, concertos, instalações e exposições.

Oficinas de restituição cénica e seus suportes de investigação e criação.

  1. Um olhar atento às plantas, suas comunidades, à sua paisagem - Estruturas, fisionomias e expressividade plásticas
  2. Habitats e vegetação em réplica virtual e miniatural
  3. Escrita criativa na revivência do passado e seus interfaces virtuais de texto interactivo em ambientes de jogo
  4. Desmontagem arqueológica (em Réplica Realista Rejogável), registo 3D e virtualização Plena
  5. Arquitectura histórica (e tradicional) em recriação / exploração virtual e miniatural
  6. Performance virtual (personagens expressivas e suas performances em ambiente virtual interactivo)
  7. Palco e Virtualidade Interactiva - As possíveis hibridações entre teatro, ópera e videojogo (WR e AREPO, em parceria)
  8. Arqueoacústica experimental (instrumentos arcaicos e seus espaços de ressonância)
  9. Música clássica indiana (na diversidade da voz e dos instrumentos possíveis, nos contrastes com o ocidente)
  10. Organologia histórica e tradicional, suas práticas no tanger e seus repertórios (Cordofones tradicionais e étnicos; Cordofones históricos; Sopros de madeira históricos )
  11. Os novos instrumentos electrónicos, suas acústicas, repertórios e seus acessos interactivos em ambiente experimental de jogo
  12. Oficinas de Improvisação (ópera crónica) num hibridismo entre acústica instrumental tradicional e electrónica-digital (todos os promotores-músicos)
  13. Jogos inclusivos de sensibilidade táctil para a exploração do território e da paisagem

Estratégia e objetivos

O projecto piloto do Convento Velho de Penafirme (De-Pé-Na-Firme) construiu até ao momento protótipos de virtualização interactiva para a descodificação da ruína como sítio e monumento e para a sua re-criação como cenário evocativo de ficção historicamente informada e artisticamente suportada.

O investimento realizado prende-se com a montagem de módulos de virtualização ao longo de uma cadeia operatória complexa, desde a geo-análise espacial e o registo 3D detalhado (com fotogrametria e LiDAR) até à montagem de drama virtual com personagens de carácter diverso, protagonistas de visões e leituras distintas do património em causa.

A Double-u Replay investe nas ciências e nas artes através das suas linguagens criativas tradicionais, mas procura projectar estas criações para além da materialidade museológica e performativa típica da galeria e do palco.

Muita da criação que hoje acontece é marcada pelo efémero e imediato, como espuma da rebentação das ondas do mar. Alicerçar a criação cultural (museológica, artística) no cerne dos territórios e monumentos concretos, glosando as suas potencialidades evocativas, será um dos focos estruturantes da nossa intervenção.

Virtualizar (para além da simples digitalização da foto, do filme, do texto - sustentáculo do século XX) é essencialmente criar um registo activo (e reactivo), capaz de falar por si, dado que constitui um modelo funcional assente na sistematização (vectorial) e reprojeção do gesto, da forma, do som.

O projecto De-Pé-Na-Firme tem servido como plataforma de ensaio da virtualização da oralidade, da expressão corporal, da mímica e da indumentária, que se junta à reconstituição de cenários arquitectónicos expressivos nas suas atmosferas envolventes naturais e seminaturais animadas.

A projecção virtual das artes performativas, plásticas e literárias é o grande desafio das nossas Oficinas de Restituição Cénica (ORCs) dado que poderão assegurar que o monumento-sítio seja re-povoado de sentidos, numa forma nova de Museologia Activa.

As oficinas serão essencialmente momentos de criação plástica, literária, dramática, musical que se reprojectam, para além da sua via material de comunicação (performativa, expositiva), pela montagem de réplicas virtuais (em videojogo) capazes de vir a ser rejogadas em múltiplos cenários e contextos.

As ORCs são assim workshops de experimentação e de formação sobretudo dirigidos aos agentes da cultura do concelho de Torres Vedras (e Região Oeste, em geral). Serão sessões práticas abertas, onde os protótipos da WR serão desmontados nos seus diversos componentes e processos construtivos que envolvem sobretudo o uso de software livre (como sejam o Visual Studio, o UNREAL, o BLENDER), ou em versões de aprendizagem ou teste, sem custos.

 

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Laboratório de Paleoecologia

Criado em 1982 no Museu Nacional de Arqueologia por José Mateus e Paula Queiroz, esta unidade de pesquisa de base laboratorial e computacional foi sucessivamente mudando de enquadramento institucional: Museu Nacional de Arqueologia; Museu Nacional de História Natural; Instituto Português de Arqueologia; Terra Scenica; estando agora enquadrada na Double-u Replay (WR). O seu núcleo laboratorial (e parte da biblioteca técnica e colecções) está hoje instalado no IPT (edifício M); a unidade de computação está em Torres Vedras.


Trata-se no seu cerne de uma frente de investigação sobre os grandes arquivos da memória ecológica e territorial, conservados (película a película) nas estratigrafias de turfas, lodos e argilas dos paúis (pântanos e lagoas, barragens, açudes e poços) e das grutas e abrigos cársicos.


O principal foco da pesquisa (programa FRESH) são os "reflexos materiais" das "auras" das plantas (na sua dispersão de pólen, frutos, sementes e folhas) - paleoimagens datáveis e coligíveis em "Filmes da Evolução das Paisagens e dos Territórios".


A Palinologia (envolvendo análise do pólen, de esporos e de outras micro-estruturas de origem vegetal, complementadas com microfósseis de origem diversa) é a disciplina mais importante neste contexto, dado o seu potencial imagético, promovido e calibrado pela palinologia experimental, que envolve estudos de produção e dispersão de pólen. A macro-paleobotânica que estuda os "macro-restos de origem vegetal" (embora sendo relativamente "micro" dado serem acessíveis à lupa binocular) envolve o estudo das sementes, frutos, madeiras e folhas e complementa a restituição em detalhe taxonómico e na espacialização dos componentes vegetacionais representados.
Um dos suportes da viabilidade científica deste laboratório de mais de quarenta anos de experiência, prende-se com o desenvolvimento de: a) colecções de referência (palinológicas, carpológicas, xilotómicas) da Flora Portuguesa e Europeia; b) monografias morfo-tipológicas foto-descritivas de pólen e madeiras; e ainda c) trabalhos de geobotânica (de cariz histórico-evolutivo) - programa MORNO. Neste domínio (biodiversidade actual de espécies e habitats) o LP tem tido papel importante no reconhecimento e demarcação de turfeiras em Portugal e outros sítios palustres de grande interesse para o estudo dos refúgios e adaptações da flora circumboreal e sub-mediterrânica húmida; Hoje raríssimos e ameaçados, estes sítios constituem preciosos arquivos da memória ecológica.


Outras áreas em desenvolvimento (no âmbito da Micro-Arqueologia) são as micro-morfologias sedimentares-pedológicas e os traços de uso de artefactos e (arqueo)recursos.
No campo da Computação Gráfica o LP-WR desenvolve o programa ARQUE-REPLAY, que partindo do registo 3D exaustivo da evidência exumada na escavação arqueológica (contextualmente ampliada pela micro-arqueologia) se envolve num processo de virtualização interactiva de triplo carácter - experimental, museográfico, lúdico - sob o novo conceito de Arqueologia Cénica (que se viabiliza pela remontagem de Réplicas Realistas Rejogáveis virtuais (vRRR).
A perspectiva de trabalho do LP-WR envolve sobretudo a montagem de protótipos (de I&D) capazes de virem a ser replicados e co-aperfeiçoados pela comunidade científica. Três projectos piloto: 1) A Gruta da Avecasta; 2) o Covento Velho de Penafirme e seu território; 3) Dunas e Turfeiras do Litoral Oeste.

 

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CARLOS NETO DE CARVALHO (CNC) - I've been researching for 20 years on the role of trace fossils for understanding evolutionary palaeobiology and behaviour in different depositional environments, with dedicated attention to the record of Portugal. Since 2003 I've been working for UNESCO Naturtejo Geopark in a daily basis as a long-term project for local sustainable development. This allows me to be in feedback with tourism sector, besides land management, educational and environmental issues related with geoheritage.